Por João Diogo*
Ter uma visão cada vez mais ampla dos negócios, entender a fundo o mercado de atuação e estar preparado para mudanças rápidas no mundo corporativo já deixaram de ser novidade para qualquer profissional. Apesar disso, essas exigências mostram-se cada vez mais necessárias. Em um mundo de crises – econômica e sanitária, mais especificamente –, são a base para o conhecimento e para os resultados positivos no pós-pandemia.
Da zona de conforto da inovação a novas tendências: o que muda para as empresas
Com a crise instalada no mundo, as empresas entenderam de forma clara e universal a importância da transformação digital. Tecnologias aplicadas no dia a dia podem contribuir para o bom desenvolvimento de praticamente qualquer empresa, não só no âmbito financeiro, mas humano – otimizando processos, aumentando performance e minimizando erros, por exemplo.
Com certeza a crise trouxe esse novo olhar para as companhias e impactou diretamente os negócios, mas, principalmente, os colaboradores. O desenvolvimento tecnológico que estava sendo implementado gradativamente nas organizações foi antecipado, e as estruturas tradicionais de hierarquia e infraestrutura começam a se tornar mais democrática e acessível a todos.
Um exemplo clássico dessa transformação foi o home office. Para sobreviver, as organizações tiveram que mudar suas operações do dia para noite, e os colaboradores se adaptaram a essa nova realidade. Apesar de não tão bem visto em tempos pré-pandemia, o modelo de trabalho remoto se mostrou promissor. Um estudo realizado neste ano, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta que 30% das empresas brasileiras devem manter o home office após crise. Mas será que elas estão preparadas?
O estudo da IDC Predictions, do IDC Brasil, prevê que o mercado de TIC no Brasil deve ter um crescimento de 4,9% neste ano. Já em relação aos investimentos em TI, especialmente em hardware, software e serviços de TI, devem aumentar 10% até 2021. Ainda de acordo com o IDC, a segurança também será alavancada, com um crescimento esperado de 9,6% em 2020.
Com todas essas mudanças e a tecnologia cada vez mais próxima, a pergunta que fica é se os profissionais estão preparados para essas mudanças. Com certeza este é um momento de reflexão. Na minha visão, eles devem ser concentrar em três pontos: estudo contínuo (principalmente nas áreas de tecnologia e soft skills), proatividade e flexibilidade. Este é o momento de que tanto os especialistas e experts de mercado têm falado, a mudança de midset.
Aquelas previsões que temos visto, de algumas profissões acabarem e outras surgirem, estão ainda mais claras nos dias de hoje. Quem não se atualizar e consumir o máximo das novas tecnologias, como inteligência artificial, blockchain, internet das coisas, realidade virtual ou tendências no pós-pandemia, irá sucumbir. De acordo com dados de uma pesquisa feita em 2019 pela Korn Ferry (empresa norte-americana focada em recursos humanos), em 2020 haverá carência de 1,8 milhão de pessoas para postos especializados no meio digital, em todo o planeta, com destaque para os países em desenvolvimento.
Além disso, de acordo com dados do LinkedIn, entre as 15 profissões emergentes no Brasil em 2020, nove estão diretamente ligadas à área de tecnologia da informação. São elas: engenheiro de cibersegurança, cientista de dados, engenheiro de dados, especialista em inteligência artificial, programador de JavaScript, desenvolvedor de plataforma Salesforce, recrutador especialista em tecnologia de informação, especialista em sucesso do cliente e coach de metodologia agile.
E, afinal, o que isso quer dizer na prática? Estudar. Conhecer o que há por trás dos bites e bytes é fundamental para a sobrevivência da sociedade nos próximos anos – uma pesquisa conduzida pelo Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações, da Universidade de Brasília (UnB), no ano passado já mostrava que 30 milhões de empregos seriam substituídos por robôs até 2026. No pós-pandemia, isso deve se acelerar cada vez mais.
Isto não quer dizer que os seres humanos devem competir com as máquinas, mas focarem em desenvolver novas capacidades e aprimorar habilidades aliadas às tecnologias. Hoje, só estar familiarizado com o digital não é suficiente. Os profissionais precisam saber combinar as soluções tecnológicas com aspectos mais criativos e estratégicos, conhecidos como softs skills. Além disso, trabalhar a inteligência emocional e a liderança será algo essencial para competir no mercado de trabalho.
Esmorecer não é uma opção. Profissionais de todos os cargos e setores devem buscar cada vez mais capacitação nos próximos anos, a fim de evoluírem dentro de seus segmentos – e, mais do que isso, colaborar para que cada vez mais pessoas possam entrar nesse jogo.
*João Diogo, gestor da HSM University Code School